os filhos


A propósito do belo post da Rosa no início da semana, muito haveria ainda por dizer acerca da educação das crianças.
Quando me perguntam como é que consigo manter a sanidade com 4 filhos, respondo sempre que a partir do segundo tudo se torna mais fácil. É mesmo verdade.
Não quer dizer que não haja tantas incertezas, mas já sabemos por experiência própria que os erros são parte do processo de ser mãe/pai e que qualquer birra/briga/problema se resolvem com muita calma, respirar fundo e um abraço sentido.
Claro que as dificuldades de educar um filho nos dias que correm são inúmeras, a começar pelo ridículo tempo de licença de maternidade, que não é obviamente o ideal. Basta olharmos para os países do norte da Europa, onde a mãe ou o pai podem ficar um ano com as crianças, com a garantia de manutenção do seu posto de trabalho.
É que com as idas para o infantário surgem os problemas das diferenças entre meninos: eu vou ao Macdonnalds e tu não vais, eu vejo a floribela e tu não vês, eu tenho uma playstation e tu não, etc, etc, etc…
Já para não falar da uniformização das actividades, que tendem para a normalização das crianças, e não para o estimulo da criatividade individual e competências inatas de cada criança. As actividades são direccionadas com um propósito e é difícil encontrar nos infantários comuns actividades que promovam a individualidade e criatividade de cada um. Daí, penso eu, ser mais difícil para as crianças aceitar as diferenças de educação que recebem em casa, porque tudo as leva à “normalização” e ao fazer parte de um grupo, onde a sua individualidade é abafada pelo todo.
Sei que o que digo pode ser considerado polémico, e que algumas educadoras que me possam ler discordarão em absoluto. Temos várias (belíssimas) educadoras na família (que também é uma família de professores) e já fui criticada pelo facto de os mais pequenos com 4 e 2 anos e meio não irem para o infantário.
Hoje já toda a gente percebe que são as minhas escolhas como mãe, e aquilo que acredito ser o melhor para os meus filhos, no contexto em que estes vivem e são educados. Não quero com isto dizer que deva ser a escolha de outros pais, como é óbvio.

Quanto aos “nãos” acho que fazem parte do nosso papel de educadores, não só por imporem certos limites às crianças que não têm capacidade de discernir por si próprias o que é melhor, como para que estas aprendam a lidar com a frustração de forma a crescerem adultos sensatos, equilibrados e responsáveis.
Um excesso de permissividade e desrregulamentação cria as tais “crianças tiranas” que levam os pais à beira de um ataque de nervos…
Saber dizer que não é muito mais difícil que dizer sim, por isso muitos pais talvez optem pela via mais fácil.
E saber dizer que não também é uma prova de amor.

12 Comments

  1. Olá Rita.
    Soube-me bem ler que também não te parecia muit bem mandares os teus mais novos para o infantário. Eu também tenho 4, e o que me tem valido tem sido a ama (hoje já família) que me tem ficado com eles desde o primeiro. Antigamente havia os avós, os tios, os padrinhos, a familia alargada e multigeracional para nos acompanharem no criar dos filhos. Hoje é cada família (quando não é cada um) por si. Sei que há quem não tenha outra opção, ou por vezes temem deixar os filhos com um(a) desconhecido, mas sinceramente, não estava a ver os meus num infantário (aqui que ninguém nos ouve, até para a primária, com seis anos, alguns parecem ser pequeninos de mais…)
    Adoro os teus trabalhos com os trapos… um dia, quando eu for grande, quero saber trabalhar assim. Boas férias :)

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  2. também sinto essa pressão por partes dos outros, por não colocar a Alice na creche.
    estou cada vez mais farta de explicar os meus motivos!
    e ainda me contam que estão insatisfeitas com as creches e como as coisas funcionam.. tantas contrariedades..
    mas porque será que só ficaram satisfeitas se as crianças andarem na creche??? será moda?

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  3. Olá rita!
    Adoro vir ler o teu blog. E este post ajudou-me a não desanimar. Pois tenho uma bebé de 8 meses e estou em casa com ela desde que ela nasceu.
    Para o fazer tive que sacrificar a minha carreira e viver com um só ordenado (para 3) o que não tem sido fácil mas que por outro lado tem valido bem a pena!
    Ultimamente tenho travado uma guerra interior na decisão de continuar com ela em casa. Quero dar-lhe a educação que não tive, dar-lhe a atenção que necessita como indidviduo, estar lá até ela sentir confiança necessária para se aventurar no mundo sozinha e não transformá-la em mais um produto da “industrialização” como todos as crianças hoje em dia se transformam.
    No entanto as pessoas que me rodeiam, familia e amigos, não tem esta visão do mundo e mesmo tentado explicar os meus argumentos de mãe preocupada a resposta generaliza-se em: “depois ela apega-se muito e não faz amigos” e uma expressão de “lá vem ela com as suas ideias malucas” o que me deixa com dúvidas e de estar a proceder errado.
    Também não quero que ela seja um “bicho raro” simplesmente quero que seja ela própria com a firmeza de que ser ela própria sendo diferente, não é ser esquisita ou anormal. Como muitas vezes eu me senti por ser diferente dos outros. E como consequência, a tentar ser igual aos outros, desrespeitei-me.
    A verdade é que vou seguindo o meu instinto mas isso nem sempre chega para acalmar as duvidas emergentes de uma mãe sem expriência e não ter o apoio incondicional dos que mais amo deixa-me nesta corda bamba. Ainda mais quando o ordenado do pai pode deixar de entrar… tenho que considerar a hipotese de a educação dela ter de ser deixada a estranhos.
    Esta tem sido a minha constante luta contra preconceitos, contra uma sociedade com falta de valores e contra todos que tem uma opnião a dar… talvez tenha que dar menos atenção aos outros e mais ao meu instinto.
    Obrigada Rita pelo teu post que me deu força e verbalizou as minhas convicções e dúvidas. Re-orientou-me pelo meu caminho e a continuar até ao fim.

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  4. e tema de post à parte,

    eu fico é sempre espantada como eles, quando são mais pequeninos, têm uma costela de actores incríveis para a máquina fotográfica!
    Muita pinta!

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  5. Ola Rita!
    Eu estudei o primeiro ano para educadora de infancia na Escocia (aqui para ser qualificada e’ durante 2 anos “HNC”, eu fiz o 1 “NC” e nao vou fazer o 2 ano, o sistema difere um pouco do portugues… Pela minha experiencia de um ano (todas as semanas ia para o infantario, 2 vezes por semana e tinha que fazer actividades todos os dias)o que eu penso e’ que as vezes ficamos tao ocupados com “burocracia” e procedimentos…

    tem havidos estudos sobre o impacto do infantario em criancas com menos de 3 anos (especialmente rapazes…), mas por outro lado tambem ha pais que nao tem outra opcao. Nos primeiros anos de vida a crianca esta muito mais “ocupada” com o seu mundo e com o que rodeia do que a “fazer amigos” que geralmente e’ o principal argumento! Para alem dissosegundo estudo… A crianca antes dos 3 anos nao brinca com os outros ( o que eles chamam co-operative play, mas sim paralel (como e’ que se escreve?) play que e’ brincar lado a lado mas nao entre as duas criancas, espero que percebos o meu ponto, para alem disso tambem ha estudos que sugerem que se os pais forem mais rapidos a responderem as necessidades das criancas durante os primeiros 3 anos de vida que mais tarde eles nao exigirao (demanding) tanto dos pais. E claro que tudo isto sao estudos…mas se pensarmos bem, antes dos 3 anos, se os pais poderem ficar com as criancas, nao ha nada que os pais nao possam fazer que o infantario vai fazer melhor, estimular com activades que sejam de acordo com o desenvolvimento e aptidoes da crianca, esta e’ a minha opiniao…

    :)

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  6. Educar uma criança tem tanto de assustador como de fantástico. Acho muito importante seguir os nossos instintos e os nossos ideais.

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  7. pois, às vezes dizer não dá um bocadito de mais trabalho e ficar com os filhos mais tempo também, gostava de poder também não só não colocar os meus futuros filhos em infantários como ficar o máximo de tempo com eles numa primeira fase, a ver se ainda arranjo uma maneira de dar uma volta pequenina à vida e arrisco alguma coisa…

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  8. tb tenho que dizer muitos nãos mas em todos tento explicar porque não. e sempre que prometo algo cumpro porque acho que a palavra de uma pessoa ainda é muito importante . mas no meio de isto à muito miminho :)
    (encontramo-nos no domingo…estou ansiosa para ver essas saias lindas como a da foto que está o maximo)

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