vida e morte

Entrar num cemitério é sempre uma experiência ambígua. Se por um lado é um local de dor e sofrimento, onde os vivos choram os seus mortos, por outro lado, há qualquer coisa de teatral e infinitamente poético num cemitério.

O cultos dos mortos, a individualidade de cada sepultura, as lápides e inscições são mensagens deixadas não para que os mortos recebam essas mensagens, mas sim para mostrar aos vivos que por ali passam.

Fotografar cemitérios é sempre um desafio, tentar captar pornemores e ambientes, e ao mesmo tempo respeitar profundamente os que ali estão.

Há já muito tempo que não visitava um cemitério… há umas semanas atrás visitei um. Do pouco tempo que dispus, passei grande parte a tirar fotografias, pequenos pormenores e apontamentos, e não pude deixar de sorrir quando vi uma campa rasa onde foi plantada uma árvore de frutos, cravos e flores silvestres. A quem pertencia? A José Afonso.

É a única que está identificada neste conjunto.

E a propósito de cemitérios, no passado dia 25 o Indie exibiu o filme documentário “Forever” da realizadora Holandesa Heddy Honigmann, cujo trabalho cinematográfico está em destaque nesta edição do festival.

Trata-se de um documentário sobre um dos mais famosos cemitérios do mundo – o Père-Lachaise – em Paris, e aborda precisamente essa dualidade os cemitérios: sítios de muita dor contida nas pedras e olhares dos visitantes, mas ao mesmo tempo lugares de paz e tranquilidade reconfortante. Não consegui vê-lo no festival, mas já está na lista de filmes a ver em breve…

Dentro do mesmo tema, mas numa abordagem diferente, está também em exibição “A cidade dos mortos” de Sérgio Tréfaut.

2 Comments

  1. Quando estive em París há uns anos fui lá. É quase um “museu”… qualquer coisa de espectacular pela “força” de sentimentos que se ve e sente… e realmente senti-me em paz. Talvez porque não tinha lá ninguém… lembro-me especialmente de uma estátua duma figura humana de braço esticado que saía da campa, estava meio esverdeada do tempo e alguém lhe colocou um botão de rosa vermelho na mão, um verdadeiro poema! Sem dúvida lugar a visitar. Beijinho

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  2. Sinto sempre o ímpeto de fotografar cemitérios e de dizer “acho-os bonitos”, mas constrange-me dizê-lo e fotografá-los. Este post reflectiu exactamente essa dicotomia de sentimentos. Obrigada!

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