The business of being born

O título sugestivo diz muito mais verdades do que pode parecer à primeira vista.
Nascer, hoje em dia, é um autêntico negócio.
Seja pelos apelos exageradamente consumistas que as novas famílias sofrem mesmo antes do bebé nascer, seja com a gravidez e toda a panóplia de coisas desnecessárias que impingem às grávidas, seja – o mais importante – na hora de nascer. Os seguros de saúde que garantem assistência médica 5 estrelas são cada vez mais uma realidade, e os partos naturais, desmedicalizados, e em que os timings naturais são respeitados são cada vez menos uma realidade no nosso país.
É um negócio de milhões um pouco por todo o mundo, e só agora está a começar a fazer notar-se verdadeiramente em Portugal.
O documentário que estreou há pouco tempo nos Estados Unidos chama a atenção para todas estas situações e muito mais, precisamente no país em que começaram a fazer a apologia do nascimento “medicalizado” há 40 anos atrás, e que agora se começa a auto questionar.

Para que em Portugal a opinião pública não fique indiferente a este negócio de milhões, em que só saem a ganhar os médicos e as seguradoras, nunca é demais chamar a atenção para este tema.
E nos Estados Unidos só agora se começa a falar sobre o outro lado da questão, porque as taxas de mortalidade materno-infantil são neste momento das mais elevadas do mundo ocidental e desenvolvido. O que é uma consequência a longo prazo deste tipo de políticas de nascimento.
Em Portugal a classe médica orgulha-se de termos a taxa de mortalidade materno-infantil mais baixa da Europa, mas basta olhar para os outros números para perceber que a médio-longo prazo as políticas interventivas de assistência ao nascimento vão fazer subir estes números.
Vamos fazer alguma coisa em relação a isso agora, ou vamos esperar e fazer os mesmo erros que tantos países fizeram ao medicalizarem o parto?
Há que pensar no assunto, alertar consciências e acima de tudo passar informação às mulheres, que devem ter uma concreta possibilidade de escolha.

Há frases neste documentário que nos deixam mesmo alarmados e dão que pensar:
“People don´t have the information, medical decisions are being made for monitoring and legal reasons, not because it´s the best for both mother and baby.”

“Basically what the medical professionals have done is convince the vast majority of women that they don´t know how to birth.”

9 Comments

  1. Há uns 15 anos contaram-me que algures em Africa as mulheres quando percebiam que iam parir afastavam-se da aldeia, escolhiam uma árvore, encostavam-se a ela e tinham o bebé ali, sozinhas, sem dor, sem sofrimento, sem problemas. Enterravam a placenta na terra e aquela árvore ficava a ser daquela criança acabada de nascer.

    Sempre acreditei que as dores de parto não deviam ser assim tão más quanto se dizia e fiquei à espera de o comprovar…

    No meu 1º filho, o medo do desconhecido falou mais alto e pedi para levar uma epidiral, mas levei uma dose tão pequena, que nem a considero.

    3 anos depois nasceu a Marta num parto ainda mais rápido que o 1º, sem qualquer epidural, com uma dor perfeitamente suportável equivalente às dores menstruais e senti perfeitamente o corpo dela a descer dentro de mim, sem quase ter feito força. Um espectáculo!

    Pedi para dar de mamar à minha filha ali, naquele momento, mas a neonatologista, que cheirava imenso a tabaco, não autorizou…

    Só tenho pena de não ter fotografias do parto dela… o meu marido chorava tanto que nem conseguiu agarrar na máquina!

    Penso (com muita pena) que não irei ter mais filhos, mas se tal acontecer, vou voltar a este blog!

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  2. Embora já haja muita gente de olhos abertos há outros aqueles que ouvem falar deste tipo de assunto fazem-no cheio de cepticismo.
    Ainda há uns tempos falei com uma amiga que está a tirar uma especialização em obstetrícia e a reacção dela foi educada mas de “atitude medicalizada”.
    Conta-me uma história de uma mulher que quis fazer tudo “como ela queria” o mais natural possível, leia-se. E no fim foi para casa “toda rasgada” mas ela achava que “tinha feito bem..”
    Como é possivel estas pessoas que lidam com partos todos os dias não se aperceberem que fazem parte de um sistema e ainda torcem o nariz em jeito de desaprovação a quem pensa de uma maneira diferente.
    No fim fico com a sensação que tanta especialização capta muito a mente e pouca inteligência.
    Mas acima de tudo não me canso de dizer que há muito que o ser humano é ensinado a deixar de ouvir-se a si mesmo.

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  3. Hello, i cant read your blog fully but i am very thankfull for the last bit in english. I am a dutch midwife and we try to protect the natural (home)birth in Holland. The dutch people are starting to think that it is better to monitor and medicalize giving birth because in the usa and more countries it is normal. I hope this movie wil open their eyes and realize that we have a wonderfull and unique position to offer to the low risk pregnant women. We have to treasure that!!! Thanks again!! O and i love your quilts.

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  4. Olá,
    Cruzei-me com este blog há uns meses e desde então que tenho sido uma leitora assidua mas silenciosa.
    Gosto imenso dos teus posts e acho interessante o “percurso” que transpareces através do blog como mãe, doula e mulher….e pela conciência da humanização dos partos.
    Apesar de ainda não ser mãe….mas como mulher, o assunto interessa-me imenso e ando a informar-me há já alguns anos…mas era quase sempre em inglês, ou seja, de opções no estrangeiro.
    Mas desde há uns tempos que descobri varios sites portugueses como o das Doulas, Humpar, etc…que me deixam feliz por reconhecer que por cá tb há imensa gente a ter noção da importância de um parto natural tanto para a vida do Ser que nasce, bem como para todos os que o rodeiam!
    Do que tenho visto em termos de opção, gostava de ter os nossos bebés dentro de água em casa! Vamos ver…
    Bem, no fundo queria agradecer-te pela partilha….e já estou a escrever um texto enorme!
    Obrigada

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  5. A minha filha nasceu de parto normal numa clinica com epidural ( mais fraca porque queria sentir as contracções na hora de “puxar”) correu tudo lindamente tanto o médico como a parteira fizeram de tudo para que fose parto normal.
    Estou a pensar no segundo filho e espero que seja de parto normal.
    Sou de Ponte de Lima, não sei se existe alguma Doula nesta região, será que podias informar??
    Obrigada
    :))
    Sónia

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  6. Cara Rita, eu dei a luz a uma pequena Leonor ha exactamente 15 dias ca na região parisiense …7 anos apos o irmao…e pude verificar que as coisas mudaram : embora eu tivesse tido cesariana para o Raphael, tudo foi feito esta vez para evita-la esta vez . Fui seguida dia sim dia nao a partir de meados de dezembro (risco de pré-eclampsia) para ganharmos tempo e nao irmos até a cesariana…e quando o trabalho começou, o pessoal do hospital (parteiras e médicos) tudo fizeram para que tranquilamente desse para ser parto natural….e no final de 22 horas, la saiu a minha filha naturalmente…
    Fiquei contente de poder comprovar que a mentalidade ca estava a mudar…mas em contrapartida, foi edifiante ouvir os comentarios dos familiares e amigos que quase todos disseram que “era terrivel ter-me feito esperar tanto tempo”….:-(((
    Tenho que confessar não obstante que eu tive epidural no final de 15 horas ;-))))…e agora estou pronta para ouvir as angustias de todos a ideia que eu possa novamente amamentar durante três anos como na primeira vez :-)))
    Desculpa pelo comprimento da minha resposta mas o teu artigo “falou-me” imenso :-)
    Um abraço amigo de Paris
    Fatita

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  7. Olá Rita
    Ainda há dias comentava isto com uma amiga, está tudo programado em volta do sistema e não da mãe e do bebé…por isso uma experiência que devia ser das mais felizes se pode transfomar rapidamente numa verdadeira história de horror!
    O foco é colocado sistematicamente no que menos interessa, em detrimento do essencial. Não só a experiência do parto, mas em tudo o que rodeia a gravidez, a grávida e o bebé
    Bem haja pelo post, espero que seja um abre-olhos!
    Elizabete

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  8. In Spain is the same as in Portugal, pregnant women are treated as patients like if being pregnant wouldn’t be natural but a disease. It occurs the same with menopause, I think we are big business.

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