Global Poverty

Village Children II, originally uploaded by John Fredrik, from the Global Poverty group.

A 2: tem estado de parabéns no serviço público de televisão.
Durante toda a semana, nas noites da 2:, passam vários documentários acerca do prémio Nobel da paz de 2006Muhammad Yunus (Bangladesh) e o seu banco de microcrédito Banco Grameen.

Já tinha ouvido falar do conceito do microcrédito, da sua existência em Portugal e da melhoria de condições de vida que proporcionou a vários habitantes do planeta, não só nos países de terceiro mundo, onde a sua incidência tem sido maior e mais significativa, mas também em países ocidentais e de economias consolidadas.

O que a ideia do Professor Yunus veio expor, foi essencialmente as condições absolutamente miseráveis de grande parte da população mundial, que vive com menos de dois dólares por dia, mas também da exploração a que um grande número de artesãos e comerciantes estão expostos em países como a Índia, o Bangladesh e a Indonésia, entre outros do sudoeste asiático.

Hoje é dia é fácil encontrar quem esteja descontente com o sistema capitalista de produção mundial e da liberalização de mercados. É do senso comum o grande número de fortunas obscenas por esse mundo fora, ao mesmo tempo que continuam a morrer todos os segundos crianças vítimas de subnutrição. Vivemos num mundo de prosperidade e abundância material, em que os ricos são cada vez mais ricos (logo mais poderosos) e os pobres cada vez mais pobres.

O conceito explicado pelo próprio Yunus é o seguinte:
O “Grameencredit” (crédito do Banco Grameen) baseia-se na premissa de que os pobres têm habilidades profissionais não utilizadas, ou subutilizadas. Definitivamente não é a falta de habilidades que torna pobres as pessoas pobres. O Grameen Bank acredita que a pobreza não é criada pelos pobres, ela é criada pelas instituições e políticas que o cercam. Para eliminar a pobreza, tudo o que temos de fazer é implementar as mudanças apropriadas nas instituições e políticas, e/ou criar novas instituições e políticas(…) o Grameen Bank criou uma metodologia e uma instituição para atender às necessidades financeiras dos pobres e criou condições razoáveis de acesso a crédito, capacitando os pobres a desenvolverem suas habilidades profissionais para obter uma renda maior a cada ciclo de empréstimos.

Ao dar às pessoas com fracos recursos a possibilidade de desenvolver o seu potencial profissional, não só a sua condição económica prospera de maneira impar, como a auto-estima e as condições de vida não materiais dessas pessoas melhoram significativamente.

Aldeias inteiras no Bangladesh prosperaram com este sistema, e um sem número de artesãos deixaram de ser explorados pelas grandes empresas internacionais, como a Inditex, passando a ser justamente remunerados pelas suas produções.
Outra das constatações, a nível social, foi a de que ao dar o crédito a mulheres (a grande maioria dos clientes do Banco Grameen) não eram só elas a lucrar e beneficiar com a situação: percebeu-se que toda a família ganhava com o sucesso das matriarcas, sendo que a sua maior preocupação é a saúde, bem estar e educação dos filhos. Toda a família sai a ganhar.
Escusado será dizer que falar de Microcrédito não é de todo a mesma coisa de falar de crédito pessoal facilitado, conduzindo ao crescente e assustador endividamento das famílias de classe média ocidentais.
O conceito de base é que está errado: enquanto que por aqui se facilita o crédito para bens de consumo supérfluos e desnecessários (como televisões, mobiliário, automóveis e outros), o Microcrédito foi facilitado a pessoas que necessitavam de ajuda para comprar os materiais básicos e necessários ao desenvolviemtno de uma actividade (uma máquina de costura, utensílios agrícolas, vacas e outros animais, etc.)
A taxa de recuperação de crédito do Banco Grameen ronda os 95%, algo inimaginável em qualquer banco comercial ocidental que mobilize milhões de euros em crédito.
Mais uma chamada de atenção para os governos mundiais e G8, que desde o 11 de Setembro andam esquecidos dos males sociais que assolam o planeta, sendo a pobreza o maior de todos. E que sem condições de vida e a erradicação da pobreza, não haverá nunca paz nem prosperidade.
Medidas simples e concretas resultam muito melhor do que teorias económicas desajustadas à realidade, e feridas de morte pela burocracia envolvente.
Basta tão pouco como 20 dolares para fazer uma família de terceiro mundo prosperar e ser financeiramente autónoma.

Eu ainda não consigo perceber porque é que num mundo tão próspero continua a haver pobreza extrema. Deve mesmo ser falta de vontade de mudar o status quo

Não percam os documentários ao longo da semana, nas noites da 2: .

2 Comments

  1. vi um documentário, há uns tempos sobre o prof. yunus e o microcrédito. não tinha conhecimento e fiquei impressionada com a taxa de recuperação do crédito. para além disso, mostraram os vários artesãos, na maioria mulheres, e o desenvolvimento dos seus trabalhos, (desde do aproveitamento dos sacos de cimento, aos pacotes de leite) e consequentemente das condições de habitabilidade, saúde, educação… sem dúvida que foi bem merecido o nobel da paz.
    não sabia dos documentários da 2

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