Uma das visitas que tive foi do “baby Ulf”, um bebé que eu recebi com muito orgulho e honra a este mundo, há oito meses atrás.
O nascimento dele vai ficar para sempre marcado na minha memória como o mais bonito, suave e especial a que já assisti :)
(espero que muitos mais se repitam assim!)
Este fim de semana tive a oportunidade de reviver com a mãe dele esses momentos mágicos, e fico muito feliz por ter ajudado essa mulher, minha amiga, a ter o parto com que sempre sonhou depois de duas experiências hospitalares altamente traumáticas.
E é nestas alturas, e depois de ontem também ter tido o tema do parto bastante presente num dos encontros com a grávida que estou neste momento a acompanhar, que não consigo encontrar nenhuma explicação lógica que justifique os sentimentos que a maioria das mulheres têm em relação aos seus partos hospitalares…
Em nome do bem estar e segurança, comentem-se as maiores atrocidades e faltas de respeito naquele que é suposto ser um momento difícil, sim, mas muito mágico e da esfera privada de cada um.
A falta de cuidado com as susceptibilidades de cada mulher, e a forma como quase todas sentem usadas, abusadas e violadas da sua privacidade e intimidade é só a ponta do iceberg de um sistema de atendimento ao parto que valoriza o protocolo em vez dos seres humanos.
Felizmente que há mulheres que já vão falando abertamente das suas experiências mais ou menos traumáticas, não só porque é uma forma de as exorcisarem e continuarem em frente, mas principalmente porque a exigência de uma mudança de atitude tem de partir de quem usufrui dos serviços – as mulheres.
Concordo com a Isabel que diz que o importante é a vida toda que se segue ao parto e que se os profissionais são mal formados, problema o deles que nós somos melhor que eles… A questão é que, devido à má formação e pouca humanidade que alguns profissionais teimam orgulhosamente mostrar (será que em casa também são assim?) muitas vezes adivinham-se graves sequelas. No meu caso, tive que escolher entre um olho e o bebé (foram estas as palavras!) e realmente foi o que aconteceu. Em pleno século XXI…
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HAHA. ok just saw your whole blog post on “The business of Birth”. oops. I’m always a few steps behind :-)
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Ola Rita e commentators- I must write in English, sorry. It pains me to read stories like Virginia’s. You have all my sympathy.
I got pregnant in Portugal but came to England to have the baby because I knew that it wasn’t possible to have a natural (or normal) birth in a Portuguese hospital; because intervention is obligatory. I only knew 1 out of maybe 12 friends (in Portugal) who’d had a positive birth experience. A few of those had real trouble bonding with their child because they were so traumatised. A few talked of making an official complaint, but the reality of caring for a baby meant that none found the time or inclination to take on the system. In London I had my son at hospital, but it was a natural active birth, with the father present. The principle motivation for “returning” to more natural births by the British health system, is that it is CHEAPER! with the bonus of being statistically healthier for baby and mother.
I saw the documentary “The business of Birth” a couple of nights ago:
If you can, see it. It is about the reality in USA, but could happen to us all!
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Rita
Acho o seu trabalho como doula meritório, acho o seu blog e as coisas que faz lindas, mas nem todas as mulheres pensam do mesmo modo e se tivesse um quarto filho não tinha duvida que o queria ter nas condições dos outros três. Não tenho duvida que outras mulheres terão passado por más experiências, eu tive sorte, mas para mim o parto é apenas um princípio, e o que é verdadeiramente maravilhoso é ter um filho saudável nos braços. Neste post escrevi mais alguma coisa.
http://coisaspoucas.blogspot.com/search?q=parto
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Querida Rita (não sei porquê mas sinto empatia!), não me conformo como as coisas mais importantes da vida foram completamente postas de lado por esta sociedade e vou lutando, grão a grão, por aquilo em que acredito. O momento mais sagrado da minha vida foi grosseiramente desfeito no Hospital Amadora-Sintra. Encontrava-me numa gravidez de alto riisco, tinha tudo planeado entre médicos do hospital para fazer a cesariana e quando chega a hora: 1º) mandam-me para casa porque ainda falta muito; 2º) regresso já a entrar em trabalho de parto mas não há médicos porque é hora de jantar; 3º) porque já está muito em cima da hora as duas epidurais não fazem efeito seguindo-se anestesia geral; 4º) acordo e dizem-me que o meu filho nasceu com uma ferida e porque não há um especialista àquela hora vão levá-lo para outro hospital para ser visto. Isto sem mo mostrarem, passando pelo pai e não lhe dizendo nada. Passei o primeiro mês da vida de mãe sem poder lhe pegar porque tinha que ficar imóvel numa cama. Ainda hoje acho que muito do choro do meu filho era pela distância que nos foi imposta. Ainda hoje me doi toda aquela separação.
Nunca mais voltei àquele hospital.
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Pessoalmente, que fiz uma cesariana (a rapariga preferiu ficar sentada), não tenho (não sei se por acaso ou sorte) qualquer razão de queixa.
Senti-me extremamente acarinhada por toda a equipa, desde a parteira, passando pelo obstetra e terminando num anestesista que era um doce.
Também não me senti desrespeitada em nenhum aspecto. Não sei se por não ter querido nada de especial e ter confiado na equipa, colocando-me nas mãos deles.
De qualquer forma, não só queria ter tido um parto natural, como sei que farei o possível por ter essa oportunidade, caso venha a repetir a experiência.
E também sei que, numa próxima experiência, me vou interessar ainda mais por estas (hoje) formas alternativas de ser mãe.
Em grande parte, graças a ti :)
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oi rita,
também concordo que há muita desinformação acerca das vantagens, tanto para a mãe como para o bebê, de um parto normal…aqui no Brasil é bastante corriqueira a marcação da data para o parto cesariano (sistema privado/pago) …Em geral percebo que o mito da dor insuportável do parto normal se sobrepõe ao bom senso que seria o de não optar livremente pela cesariana. Tenho um filho de quase um ano, fiz cesariana não por opção…gostaria muito de ter sentido as dores do parto do Tobias.
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Concordo inteiramente que se trata de uma política de “desinformação” por parte dos médicos, que infelizmente não acham que as mulheres são capazes de tomar decisões sobre o seu corpo e sua vida… e agradeço as tuas palavras tão simpáticas ;)
Mas olha que ainda há muitas que por muita informação que tenham de doula ou similar, não acreditam que é assim que as coisas funcionam… até “caírem” no sistema e depois ficarem frustradas por não terem feito nada…
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Rita, e como é que as coisas se conciliam? Vou explicar melhor: tenho a sensação de as opiniões se dividirem muito entre, de um lado, quem acha que muito está mal no actual parto hospitalar e que, por isso, cada vez mais, opta pelo parto em casa, e, por outro lado, quem vai para as maternidades e acaba por se calar, por diversos motivos.
Eu nunca, em nenhuma circunstância, teria um filho em casa. Mas acho importante que algumas coisas mudem nas maternidades, só que me parece que somos poucas a falar. E que, com os médicos mais novos, é quase um diálogo de surdos.
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Eu acho que é falta de informação, Rita, ou mesmo ‘desinformação’, que é a técnica a que os médicos muitas vezes recorrem para manipular a mulher a optar pelos procedimentos que mais lhes convêm – como induzir partos para que a criança nasça num dia e hora convenientes e etc…
uma mulher está numa altura muito sensível, às vezes insegura, e pode acabar por ser ‘empurrada’ para o tratamento médico involuntariamente. Por isso é que gosto de ler os teus relatos, porque sei que ao teu lado elas não correm esse risco.
Por favor continua :)*
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