Nascer em Portugal

É com muito agrado que começo a ver a opinião pública a debruçar-se seriamente neste tema, assim como me congratulo pelo crescente número de movimentos civis, científicos e académicos que se têm dedicado à temática do parto em Portugal. O futuro deve ser construído com informação, responsabilidade e ponderação e creio que dentro de algum tempo poderemos começar a ver mudanças significativas no atendimento ao parto em Portugal.

Exemplo disso são os seguintes movimentos, surgidos recentemente e todos eles comprometidos em melhorar o atendimento à gravidez e parto, questionando práticas e propondo soluções para problemas:

Movimento Nascer Melhor;

Pelo Direito ao Parto Normal;

Iniciativa “Parto Normal” – Livro editado pela APEO (Associação Portuguesa dos Enfermeiros Obstetras).

Nos dias 20 e 21 de Novembro (próxima sexta e sábado) decorrerá no Porto um Congresso debruçado neste tema – Nascer em Portugal.

Eu terei a difícil mas honrosa tarefa de representar a Humpar na mesa-redonda que encerra o Congresso no dia 21, dedicada ao tema “Repensar o Nascimento em Portugal”, e por isso lanço a todos os leitores deste blogue o repto de me darem a sua opinião…

-Será que se “nasce bem” em Portugal?

-Será que as mulheres são respeitadas nas suas escolhas?

-O que é que mudavam, se pudessem?

-O que é que acham que está bem?

-Quais são as opções que gostavam de ver no Serviço Nacional de Saúde?

-De que forma acham que pode ser melhorado o atendimento ao Parto em Portugal?…

Usem e abusem da caixa de comentários e deixem a vossa opinião em relação a este tema. Tudo farei para incluir as vossas sugestões na minha intervenção.

8 Comments

  1. Enquanto mulher que ainda não foi mãe, o que me vem à cabeça logo de imediato é o desejo que me proporcionem o protagonismo no acto do parto, que respeitem as minhas escolhas e me informem (atempadamente) de todas os procedimentos que podem/devem ser feitos. Gosto muito da ideia de haver um local para dar à luz que a Maria José fala que, não tendo que ser um hospital, deveria ser apetrechado de todo o material médico e humano necessários. Também sei que a MAC contava criar um espaço específico para partos naturais, torço para que isso aconteça.

    Gostava de ter liberdade total de fazer o meu parto em casa, sabendo que tinha como certa uma alternativa, caso fosse necessário.

    Gostava que as mulheres se protegessem mais umas às outras, respeitando as vontades de cada uma, seja as que querem fazer o parto em casa, as que preferem o uso da epidural ou até as mulheres que não querem ter filhos.

    Obrigada Rita por te dedicares a este tema. Desejo-te muita sorte!

    Desculpa se fui longa mas este tema apaixona-me imenso! :)

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  2. Cara Rita,

    Penso que o essencial estaria em fazer o que a Rita aqui fez: perguntar às mulheres o que querem. Depois informá-las quanto às implicações das suas escolhas. Por exemplo se a grávida manifesta interesse na epidural deveriam ser explicadas todas as consequências dessa decisão. Se a grávida manifesta interesse numa cesariana explicar as consequências de tal pedido. Informar sempre e sobre tudo.
    Perguntar antes de fazer também era bom (antes de por o soro, o CTG).
    Parece-me, alías, que este trabalho deveria começar a montante nas consultas de obstetrícia e com os médicos de clínica geral, sendo mais fácil ir informando durante 9 meses, do que à pressa já no hospital com as contracções a fazerem sentir-se.
    Por último gostaria de perceber porque é que há obstetras que informam as grávidas que SÓ fazem cesarianas, recusando-se terminantementea a fazer partos normais (terão faltado a essas aulas na faculdade?).
    Bem haja Rita pelo seu interesse e dedicação.

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  3. Uma coisa que mudava, se pudesse, era criar outros locais para dar à luz, sem ser o Hospital. Casas de parto ou clínicas exclusivamente dedicadas ao parto de baixo risco são uma realidade noutros países que gostava de ver também no nosso.

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  4. Eu também acho que se nasce bem, mas pode ser ainda melhor!
    A presença contínua de alguém escolhido pela grávida (pode não ser o pai da criança…) acho que é fundamental.
    A liberdade de movimentos durante o trabalho de parto nem devia ser questionável…
    E gostava ainda que todos os hospitais tivessem pelo menos um daqueles quartos “desmedicalizados” que já foram mostrados em rportagens da MAC e do Hospital de São João.

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  5. Nasce-se muito bem em Portugal. Porque se nasce em segurança. Porque se nasce grátis, sem preocupações de poder pagar esta ou aquela intervenção (e isto é muito importante, mas só o sente quem esteve em países onde não é assim).

    As mulheres nem sempre são respeitadas nas suas escolhas. É necessário sensibilizar os médicos para as várias formas de fazer um parto, essencialmente um parto normal, de uma gravidez sem problemas. Mas também é urgente sensibilizar as mulheres para o seu próprio poder: o de dizer que não. Dizer que não, por exemplo, a induções sem causa clínica, apenas por conveniência da mãe, do pai e do médico.

    Gostava que o pai pudesse estar presente, sempre, desde a fase de dilatação (não pode, em algumas maternidades). Gostava que houvesse a possibilidade de ter liberdade de movimentos na sala de partos e de escolher a posição para o período expulsivo. Gostava de não levar soro se não quisesse. Gostava que tudo isto pudesse ser conversado e decidido com os médicos, sem culpas e acusações mútuas.

    Gostava que houvesse muiiiito mais apoio no pós-parto, nomeadamente com a visita de uma enfermeira/especialista em amamentação durante a 1ª semana.

    Nasce-se muito bem em Portugal, mas pode nascer-se melhor, sem que isso comporte grandes custos.

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  6. Sabes o que é que eu gostava mesmo?
    Que as mulheres fossem tratadas com respeito e dignidade, que lhes fosse passada informação imparcial e actualizada, que lhes fossem explicados todos os procedimentos.
    “Só” isto bastava para mudar a situação em Portugal, e acabar com a prepotência e snobismo dos nossos médicos.

    Obrigada pela oportunidade e força na tua nobre dedicação a esta causa!

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