documentários

Ontem dediquei o meu dia inteiramente ao DocLisboa.

Além das várias exibições diárias, é bom que se diga que o Doc faz verdadeiro serviço público, como bem disse Serge Tréfaut ao Ipsilon, não apenas pela formação de público, mas por trazer o cinema às pessoas, ainda para mais se falamos de documentário, um género ignorado e até desprezado pela maioria das pessoas.
workshops, masterclasses com realizadores e aquilo que ontem me ocupou o dia quase todo: a Videoteca instalada na Culturgest, de acesso público e gratuito, onde estão disponíveis para visionamento integral mais de 1300 filmes, não só os que estão na selecção oficial do festival, depois de serem exibidos as duas vezes programadas, mas também toda uma série de filmes que não foram seleccionados. Foi a estes que dediquei ontem mais atenção….

Fora da competição, chamaram-me especialmente a atenção 3 filmes sobre a temática feminista e dos direitos reprodutivos.
O feminismo. O que é hoje ser feminista? Faz sentido ser feminista nos dias de hoje?
Vivemos ou não numa sociedade onde homens e mulheres tem deveres e direitos iguais, ou será que tudo isso não passa de uma ideia politicamente correcta, e na verdade não há igualdade entre homens e mulheres?
O que reivindicam hoje as feministas, direitos iguais, ou assumpção das diferenças de género?
E quais são essas diferenças de género, será que existem mesmo?
Todas estas questões são levantadas em dois documentários distintos, embora não necessariamente respondidas:

“Ella(s)”, de David Baute, um documentário construído à volta de 3 mulheres à procura da memória de Mercedes Pinto, uma mulher que na Espanha Franquista lutou pelo direito ao divórcio como medida de “higiene”, defendeu os direitos das mulheres e foi exilada pelas suas condutas.


“La domination masculine”, de Patric Jean, uma produção franco-belga que põe em evidência os preconceitos de género existentes na sociedade europeia moderna, através de exemplos caricatos, como o condicionamneto na educação das crianças, ou de outros mais graves, como a violência doméstica, uma praga das sociedades actuais. Filme polémico, com reacções bastante distintas e inflamadas por parte do público.

A propósito ainda do tema – os direitos das mulheres e o feminismo – uma entrevista que descobri do Saramago a uma televisão italiana:


Dentro do tema, mas focando os direitos reprodutivos:
“A woman´s womb – politics of reproduction”, de Mathilde Damoisel, um documentário da Temps Noir acerca das políticas de esterilização forçada levadas a cabo pelo governo Peruano. Uma realidade escondida do mundo que é trazida para a ribalta. Disponível para visionamento aqui:

http://temps.noir.free.fr/engventrefemme_extrait.html

Noutra linha, completamente diferente, tenho de realçar o documentário “Cruzeiro Seixas – O Vício da Liberdade”, um documentário com argumento de Alberto Serra realizado por Ricardo Espírito Santo, da Terra Líquida Filmes. Uma justa homenagem ao Surrealismo Português, cujo caminho já tinha sido aberto com o documentário que ganhou o prémio do DocLisboa de melhor documentário português em 2004: “Autografia”, sobre Mário Cesariny, da autoria de Miguel Gonçalves Mendes, o realizador de “José e Pilar”, exibido em ante-estreia na inauguração do DocLisboa, que chega às salas no mês de Novembro.

http://player.vimeo.com/video/15358796

Para terminar, aquele que é apontado com uma das “obras-primas” a concurso, que conto ver ainda no dia 23 no São Jorge: “Passion – Last Stop Kinshasa”, de Jorg Jeshel e Brigitte Kramer:

2 Comments

  1. confesso que o documentário é um género que nunca me cativou, mas depois de ler este teu post e de estar vários minutos a ver os filmes/trailers que aqui colocaste, fiquei cheia de vontade de ir ao doclisboa…

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