Pois é, ontem o São Pedro pregou mais uma partida e a Feira da Estrela foi cancelada por causa da chuva.
Para não dar por completamente perdida a viagem, e aproveitar que me tinha levantado cedo a um Domingo, fui passear com o António e Tomás. Foi o melhor que podia ter feito :)
Começámos pelo Museu do Chiado – ainda não lá tinha ido, e a recente exposição “Múltiplas Direcções” já me tinha chamado a atenção.
Confesso que fiquei desiludida com a pouca quantidade de obras, se bem que quantidade não quer dizer qualidade, claro. Mas esperava mais, apesar de o espaço do museu ser nitidamente pequeno.
O António e o Tomás gostaram particularmente do “Grupo do Leão” do Columbano Bordalo Pinheiro: “é muito grande! e parece uma fotografia antiga! é mesmo pintado?” e lá se entretiveram a descobrir pormenores em cada uma das personagens do quadro…
A mim, chamou-me a atenção uma obra em patchwork. A fotografia é má porque foi tirada com o telefone, que a bateria da máquina resolveu deixar-me ficar mal… para agravar, não me lembro da autora, e não me parece que seja nenhuma das que aqui estão indicadas. Tenho de lá voltar para confirmar…
Depois seguimos até ao CCB para ver a Colecção Berardo. Ainda não tinha lá ido, e a última vez que visitei a colecção foi quando ainda estava no Museu de Arte Moderna em Sintra. Aqui o que me chamou a atenção, foi um trabalho de instalação e fotografia da artista polaca Malgorzata Markiewicz – “Smuggled Whispers”, inserida na exposição temporária “Caminhos Excêntricos”.
Através de frases como “Made by one of 5 milions working children from Bangladesh. Enjoy!”, “My name is Sabatina and I live in Pakistan. Please can you help me?”, “Made in Romania by Adina, I tried to do my best” (que são autênticos murros no estômago), bordadas no interior de peças de roupa de uma conhecida multinacional de pronto- a vestir, a artista chama a atenção para uma coisa que todos nós consumidores sabemos e fechamos os olhos… O facto de que a maioria da roupa que vestimos e compramos nas lojas é feita por mulheres e crianças mal pagas e exploradas, a bem da economia de mercado e da filosofia do lucro.
Eu própria compro mais vezes do que desejava nessa lojas que todos nós sabemos quais são. Muitas vezes com o justificativo de que é muito barato, que não há muito dinheiro e aquela peça até faz falta. Mas quantos de nós acumulamos nos armários peças de roupa feitas por estas pessoas nestas condições, e que muitas vezes vestimos apenas um par de vezes?…
Acho que é sempre pertinente chamar a atenção para estes assuntos, porque na sociedade de consumo global em que vivemos o consumidor pode sempre assumir um papel activo e não passivo, como já vem sendo demonstrado por boicotes de consumo, pelas campanhas de comércio justo e de índole solidária, como a campanha Red ou até o abominável Rock in Rio – por um mundo melhor.
Não nos podemos esquecer do poder que temos enquanto consumidores, nem de sacrificar a nossa liberdade de escolha a bem das modas e dos ditames macroeconómicos.
E não é também o papel da arte o acordar de consciências? Vale mesmo a pena visitar esta exposição temporária, não só por esta instalação, mas por todo um conjunto de jovens artistas da Europa de Leste com uma visão muito peculiar e interessante acerca do mundo da globalização.
http://www.made-by.nl/index.php?lg=en
uma organizacao holandesa que pensa como tu!
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Despertaste-me a curiosidade.
Espero ainda poder passar pela exposição “caminhos excentricos”. Deve ser muito interessante e criativa.
É pena que nem todos que compram roupa tem essa prioridade. De ir ver a etiqueta e de automáticamente associar à imagem de crianças exploradas.
Vemos o produto feito mas custa-nos a imaginar como se fez. Tal e qual as crianças de hoje em dia que acreditam que o fiambre vem dos supermercados…
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