SMAM – I Support Breastfeeding

I Support Breastfeeding, originally uploaded by { sarah.anne }.

Assinala-se esta semana em Portugal, a Semana Mundial do Aleitamento Materno.
Esta é uma acção promovida pela World Alliance for Breastfeeding Action, com o apoio da OMS, Unicef e várias plataformas de apoio à amamentação, como a La Leche League, com o intuito de aplicar na prática a Declaração de Inocennti, subscrita em 1990 por mais de 120 países.

Este ano, o statement desta iniciativa é o seguinte:
“Não é suficiente dizer que a amamentação é a alimentação ideal para bebés e crianças pequenas; as mães também precisam de apoio para que as boas práticas de amamentação sejam uma realidade. A SMAM deve chamar a atenção de todos para a necessidade de investir nas mães e nas famílias, de forma a dar às crianças o melhor começo de vida – a amamentação.”

Da minha experiência prática, quer nos testemunhos que recolho junto de amigas e na internet, quer do meu trabalho como doula quando acompanho uma família no pós-parto, esta declaração faz todo o sentido.
Na verdade, é do conhecimento geral que não há nada melhor para um bebé do que o leite da sua mãe. Penso que não haverá ninguém que ponha isso em causa.
Então porque é que temos uma taxa de sucesso na amamentação (ainda) tão baixa, tantas mães que desistem ao fim de poucas semanas, e tantas ainda que nem sequer começam a amamentar, apesar de não terem qualquer contra-indicação para tal?

Porque na verdade as mulheres estão sujeitas a vários tipos de pressões, e na prática não têm nenhum apoio directo para ultrapassar as dificuldades que vão surgindo.
Quantas de nós não conhecemos histórias de alguém que deixou de amamentar porque “o leite era muito fraco”, “porque o bebé não crescia”, “porque o bebé chorava muito e estava cheio de fome”, “porque o meu leite não prestava”, etc, etc, etc…
Além desta pressões, que muitas vezes são incutidas pela própria família e por alguns pediatras mais zelosos do “percentil”, há ainda as pressões para voltarem o mais rápido possível ao local de trabalho e as pressões sociais, que dão a ideia de que uma mãe que amamenta é escrava do seu bebé e deixa de ter vida própria, até porque as dificuldades que referi passam e muito, por uma dificuldade em encarar a lactância como um processo natural e necessário ao bom desenvolvimento do bebé.

Se não houver um apoio directo, todas estas situações (tão frequentes infelizmente) serão decisivas para determinar o abandono da amamentação, até porque é facílimo ir ao hipermercado comprar uma lata de leite de fórmula e um biberon.

O sucesso da amamentação, quanto a mim, passa por um apoio directo às mães, mas mais importante do que isso, por um consenso geral por parte da sociedade que que não há alternativa à amamentação. Porque um leite de fórmula não pode nunca ser comparado ao leite materno, ao contrário daquilo que é comum pensar-se hoje em dia.
É importante não esquecermos que somos mamíferos e que amamentar é um processo natural na continuação de uma gravidez.

7 Comments

  1. Ia precisamente falar dos comentários que o post da Rititi que a Isabel indica suscitaram.
    Fiquei a achar que além das dificuldades em amamentar, incluindo mamilos gretados, mamas inchadas, pressão familiar, trabalho, etc algumas mães não querem simplesmente dar de mamar, o que para mim é novidade.
    Sempre achei uma coisa natural, tão natural como ter um filho.
    Pessoalmente acho que só tem vantagens. Para além dos beneficios para os bébés, está sempre à mão, à temperatura ideal, sem alergias, sem ter de andar com um saco de coisas atrás, de ajudar a voltar ao peso anterior e não deixa de ser um momento de carinho :)
    Às mulheres que se sentem presas devia ser explicado que existem bombas, copos para armazenar leite, etc.
    Outra sugestão é congelar o leite que no inicio se produz em excesso e dá-lo em qualquer oportunidade.

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  2. Como sabes, Rita, este é um assunto que me diz muito e sobre o qual me tenho debruçado cada vez mais para conseguir que a minha terceira experiência seja melhor que as anteriores. E acredito que desta vez terei mais sucesso até porque estou a educar todas as “pressões” :)

    Gostaria de deixar um pequeno contributo com algo que descobri recentemente e que me foi indicado por uma enfermeira amiga no âmbito precisamente das dificuldades em amamentar. Talvez seja uma ajuda… espero que sim. Trata-se da Dunstan baby language, não sei se conheces, fiz um post rápido sobre o assunto e há mais informações aqui
    http://www.dunstanbaby.com/

    Beijinhos para ti

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  3. mais fácil do que ir ao supermercado e ser “escravo” de preparar biberões é ter um alimento sempre portátil, sem gastos, sem logística, a uma boa temperatura, com anticorpos e outras coisas mais e num invólucro tão bem mais bonito que um biberão…

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  4. plenamente consciente das vantagens da amamentação, informada, sem problemas de gretas ou quejandos, os bebés a crescerem bem dei de matar aos meus 3 filhos até aos 5-6 meses. E detestei, o psicanalista poderia talvez explicar mas não fui lá fiz o sacrifício para bem das crianças.
    http://coisaspoucas.blogspot.com/2008/09/das-mamas-e-do-leite-em-p.html

    Há uns dias este post suscitou muitos comentários, vale a pena ler, apesar da ignorância que prevalece em muitos dos comentários.

    http://www.rititi.com/2008/09/premio-vai-ao-cu-ti-liga-do-leite.html

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  5. Consegui amamentar o meu filho até aos 7 meses. Com a entrada na creche aos 6 meses, o stress durante e depois do trabalho, o leite começou a desaparecer.E, a partir dos 8 meses, o meu filho começou a estar sempre doente, algo que nunca tinha acontecido (mesmo com a entrada na creche!). Até aos 5 meses lutei contra mamilos feridos, cansaço e avós que não paravam de me dizer que o meu leite nunca era o suficiente ou que era fraco ou que era preciso introduzir os sólidos o mais cedo possível (papas aos 3 meses!). Teve o meu leite exclusivamente até aos 5 meses e só introduzi a alimentação dos sólidos porque aos 6 meses ele tinha de ir para a creche. Foram os melhores tempos, os da amamentação. Sentir que estava a contribuir positivamente para a saúde do meu filho. Por isso, dou todas as minhas forças àquelas pessoas que, como eu, têm de lutar contra a “ignorância” e preconceito de muitas pessoas que teimam em não se informar o suficiente e baseiam-se em teorias já muito ultrapassadas e prejudiciais. Numa sociedade cada vez mais desligada das relações entre as pessoas, é necessário haver uma reviravolta e começar desde o início, entre mãe e filho. E o mundo será melhor…

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  6. Rita, Tenho 3 filhos e sem dúvida, amamentar foi a maior das realizações pessoais que até hoje exprimentei.
    Tenho a certeza, porque o senti na pele, que naqueles momentos se estabelecem laços para a vida, laços sobretudo emocionais.
    Su

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  7. Sim Rita, não devia ser uma luta! Foi tão rápido. Em poucos anos uma coisa que não existia, uma imitação, passou a ser considerado melhor que o original:/
    Fico doente!

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