Pelo Direito ao Parto Normal

(fotografia daqui)

Foi ontem publicamente apresentada uma campanha pelo parto natural.

O movimento pretende, acima de tudo, mobilizar a sociedade portuguesa para debater o direito ao parto natural.

O projecto “Pelo Direito ao Parto Normal – Uma Visão Partilhada” nasce das preocupações de um grupo de enfermeiros especialistas em Saúde Materna e Obstétrica e da consciencialização que a muitas mulheres já vão tendo, acerca do que são os seus direitos.

Escolheram o Dia Mundial da Saúde para dar início à campanha, que terá a duração de um ano e durante a qual será elaborada uma proposta de conceitos, princípios e práticas promotoras do parto normal, com vista à construção de um consenso nacional.

Este movimento é mais um resultado directo da mudança de mentalidades e atitudes que temos vindo a ver em Portugal, no que diz respeito ao atendimento ao parto.

Fico contente de ver cada vez mais pessoas (profissionais de saúde e cidadãos anónimos) interessados em mudar o estado de coisas. Acho importantíssimo que se fale das coisas, que se dê voz às mulheres e que a opinião publica perceba REALMENTE o que se passa do diariamente nas maternidades do país.

Se hoje há espaço para surgirem movimentos deste género, encabeçados por enfermeiros da especialidade e com o apoio institucional do Ministério da Saúde, é porque desde há alguns anos a esta parte, uma série de cidadãos anónimos se tem dedicado diariamente a esta causa.

Estou solidária com este movimento, apoia-lo-ei na medida das minhas modestas possibilidades, tanto a nível pessoal como associativo, mas fiquei muito triste e desiludida ao ouvir a Sr.ª Ministra da Saúde ontem, na apresentação pública do projecto, falar dos partos em casa como uma coisa perigosa e totalmente desaconselhada, do género “eu dou apoio a este movimento porque pretendem diminuir as taxas de cesariana, mas atenção!, nem pensem em falar-me de partos em casa ou casas de parto!” (palavras minhas, atenção!)

O que é que isto quer dizer? Que o lobbie dos médicos será sempre quem mais ordena, pois são eles o elo mais forte do “quero-posso-e-mando” na hierarquia hospitalar.

E eles são os primeiros a criar entraves a este movimento, como se pode ver pelo artigo publicado hoje no Diário de Notícias.

Pois é, os médicos dizem que fazem cesarianas porque as mulheres as pedem, que o país ainda não está preparado para realizar partos normais não medicalizados, e que a campanha em questão será um fiasco.

Palavras para quê?…

Apesar de, a mim, esta campanha me saber a pouco – eu gostava era de estar a discutir as diferenças abissais entre o atendimento ao parto em Portugal e noutros países da Europa, gostava de estar a assistir à construção de casas de parto em Portugal, gostava de ver as parteiras a fazerem o acompanhamento ao parto, gostava de ver uma educação sexual e reprodutiva verdadeiramente eficaz, gostava de ver as mulheres a serem donas do seu corpo e a decidirem como e onde querem ter os seus filhos (se em casa, numa casa de parto ou no Hospital) – apelo a todos e todas que apoiem esta campanha pelo direito ao parto normal, que falem, que discutam, que perguntem, que se informem!

Não há nada pior do que a ignorância. O conhecimento (ainda) é uma arma.

6 Comments

  1. tens o meu apoio!
    e já agora é oficial! está tudo bem com a criança que deverá nascer lá para Outubro! o vestido da Alice chegou há uma semana e é simplesmente lindo! obrigado

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  2. Eu tenho 34 anos e ao contrário do que seria de esperar nesta altura (todos nasciam na MAC, sem desmésrito, claro está) eu nasci em casa. Por isso assino por baixo: “Não há nada pior do que a ignorância. O conhecimento (ainda) é uma arma”

    Boa semana!

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  3. Cada conquista, neste assunto, parece um passo de formiga, mas é assim que as coisas vão evoluindo. A Constança nasceu no hospital, mas senti imensas, imensas diferenças no atendimento, nos procedimentos, na filosofia que rege cada parto. Apenas ouvi uma “ovelha ranhosa” a desdenhar do que as próprias colegas íam fazendo… de todo em todo ainda há muito que fazer… sem dúvida!

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  4. Só se ouve falar sobre “ser europeu” mas a realidade é tão diferente a poucos kms de nós… é tão injusto e tão frustrante saber que pouco poderá evoluir até o país mudar por completo

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  5. Eu li a notícia e confesso que fiquei desiludida…
    Esperava mais.
    Seja como for, é uma iniciativa a apoiar, sem dúvida! Obrigada por divulgares.

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