Patchwork em Português

A frase que também serve de subtítulo a este blog, já serviu para dar igualmente o nome a uma galeria minha no flickr.

Não serei certamente a única a encontrar cada uma destas peças como se de um tesouro se tratasse – a Rosa e a Mary também já descobriram fantásticos exemplares.

Não me lembro da primeira que econtrei, mas tenho a ideia de ter sido no Algarve (onde tenho raízes paternas e onde ainda se encontram algumas mantas destas, à custa – julgo eu – dos turistas estrangeiros). Neste blog, o primeiro post que fiz sobre estas mantas foi sobre a Ermelinda Cargaleiro, que descobri por acaso num livro da Biblioteca.

A verdade é que estas mantas são mesmo uma espécie em vias de extinção. As senhoras que as faziam estão a envelhecer, a perder a vista, a morrer. E também já não têm utilidade para estas mantas, porque já não têm sobrinho/netos/afilhados que as apreciem…

É o caso desta manta. Descobri-a o fim de semana passado, na casa de uma pessoa amiga. A fiel depositária, que já tem mais de 60 anos contou-me a sua história:

Foi feita pela mãe dela, que se fosse viva teria mais de 80 anos. Era analfabeta e não sabia coser. Trabalhou toda a vida na lavoura no campo. Era pobre. Quando não estava a trabalhar, gostava de se sentar na soleira da porta a cantar enquanto juntava pedacinhos de tecido uns aos outros. Era uma maneira de passar o tempo. Cosia todas as mantas à mão, apesar de dizer que não sabia coser e de nunca ter feito uma única peça de roupa, ao contrário das suas contemporâneas. Fez muitas mantas que deu aos que lhe eram próximos. Esta foi a última que fez, já cega de um olho. A parte de trás é feita de restos de casacos e calças de bombazine puída. Está ainda por acabar, com o debrum apenas alinhavado. Mora no fundo de uma baú e adorou sair cá para fora num dia de sol para apanhar ar e tirar umas fotografias.

15 Comments

    1. eu queria frequentar um curso de patchwork em Lisboa mas todos oa contactos que aqui encontro não respondem. Será que me podem indiocar onde funciona algum curso na cidade de lisboa. Obrigada e fico à espera

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  1. Ohhh, fazem-me lembrar os da minha avó… Lindos, lindos! Eu tenho um, outros dois estão com a minha mãe. ;)
    Aproveito para agradecer o mail com a divulgação do Workshop, infelizmente não vou poder participar pois ainda é complicado largar o meu pequeno André por grandes períodos de tempo. ;)
    Fica para uma próxima oportunidade.
    Bjinhos

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  2. Olá

    Mais um tesouro… A minha avó também fazia assim, tudo era feito à mão e bem perfeitinho. Cá por casa existem bolsas (taleigos) feitos de retalhos coloridos… gosto muito delas ;)

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  3. Mesmo bonita! A avó do meu marido também fazia (infelizmente não ficamos com nenhuma).
    Era de Óbidos, vila de conto de fadas…
    Gosto de imagiñá-la à porta de linda casa a coser os retalhos. O N. era pequenino e vivia com ela e lembra-se de como as mantas eram feitas…
    Devia gostar mesmo muito de juntar pedacinhos de tecidos porque o neto conta-me que quando ficou mais velhota e doente ia pelos quintais e roubava lençois dos estendais para depois fazer mantas. ;)
    Temos pena de não sabermos por onde andam essas preciosidades.
    Bjinhos *

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  4. que linda manta! e com uma história tão bonita. espero que saia definitivamente do baú e encontre um lar onde possa ser apreciada diariamente!

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