pouca terra, pouca terra…

Durante vários anos fiz diariamente a viagem de comboio Santarém-Lisboa-Santarém.

Usei regionais, interegionais, intercidades, alfas, comboios velhos, comboios novos, perdi comboios por 30 segundos, esperei muitas horas por comboios atrasados. Cruzei-me com milhares de pessoas anónimas, tal como eu, que partilhavam comigo aquela segunda casa – o comboio.

Foi nos comboios que dormi as horas que me faltavam de sono, que estudei, que li livros, que ouvi música (quando o ipod ainda era ficção científica), que escrevi centenas de folhas de cadernos (quando os computadores portáteis eram uma realidade inalcançável para a maioria dos mortais), que vivia parte do meu dia.

Foi nesse tempo que vi a zona oriental de Lisboa transformar-se lentamente para a Expo, e foi com excitação que desci pela primeira vez na recém-inaugurada estação do oriente, que tornou tão mais fácil a minha entrada em Lisboa.

Hoje, 12 anos depois, sinto-me uma estranha a percorrer os caminhos que me foram diários.

A paisagem mudou, as pessoas não são as mesmas, os cheiros e sons são outros. Mas continuo a achar que andar de comboio é das melhores maneiras de viajar. Pudera eu usá-lo todas as vezes que vou a Lisboa…

4 Comments

  1. Poderia ter sido eu a escrever, tal a semelhança… mas vinha mais de trás, do início do ramal… quando via Santarém significava que já pouco faltava! A diferença é que agora já quase não vou a Lisboa!
    Também acho que é das melhores formas de viajar, com excepção para o pendular que me faz enjoar!!

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  2. Partilho este mesmo prazer. Durante alguns anos percorria as 3 horas de viagem para chegar à Lisboa mas não perdia por nada a paragem de Santarém. Acho a estação lindíssima. Nunca perco de vista a pérgula que adorna as casas de banho! Tudo nela é bonito até a poda da trepadeira no Inverno!

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